A presença de jovens na Bolsa de Valores deixou de ser exceção e se tornou tendência. Dados da B3, apurados entre 2020 e 2023, apontam que o investidor brasileiro está cada vez mais novo: 62% das mais de 5 milhões de pessoas físicas cadastradas têm menos de 40 anos.
O recorte revela ainda que 12% dos investidores não têm mais de 24 anos — uma faixa etária que, até poucos anos atrás, mal aparecia nas estatísticas da Bolsa. A média de idade caiu de 48,7 anos em 2016 para 37,9 anos em 2021. Além disso, há um crescimento significativo fora do eixo Rio-São Paulo.
O número de investidores no Norte cresceu 150%, e no Nordeste, 112%. Embora o Sudeste ainda concentre a maioria dos CPFs cadastrados (2,8 milhões), outras regiões começam a ganhar espaço — reflexo de maior digitalização, oferta de conteúdo financeiro acessível e ampliação das plataformas de investimento.
Mais do que idade, o comportamento também mudou. Os jovens não só querem investir, como buscam conhecimento, arriscam mais e se apoiam em redes sociais para tomar decisões. O investimento inicial caiu: mais da metade dos investidores que entraram em dezembro de 2024 começaram com até R$200. Há cinco anos, era comum o valor inicial ultrapassar os R$5 mil.
Tempo a favor e tolerância ao risco: as vantagens de começar cedo
Iniciar um investimento desde cedo oferece benefícios claros. A primeira delas é o tempo: elemento-chave quando se fala em juros compostos, que multiplicam o patrimônio ao longo dos anos. Mesmo com aportes mensais baixos, como R$100, há vantagem competitiva frente a quem começa tarde.
Além disso, o público adulto jovem consegue ter mais margem para errar. A tolerância aos riscos, natural de quem ainda está no início da carreira e sem grandes compromissos financeiros, permite testar estratégias, ajustar a rota e aprender com os próprios enganos.
Isso constrói uma base de conhecimento prático, algo que livros ou cursos dificilmente replicam. Outro ponto é o comportamento adaptável, aberto para mudanças, novas tecnologias e formas de investir, como os cripto ativos ou fintechs com produtos fracionados.
Riscos, cuidados e o papel da educação financeira
Apesar de todos os benefícios, investir ainda exige preparo. Muitos jovens entram na Bolsa de Valores sem construir uma reserva de emergência ou mesmo quitar dívidas — o que aumenta o risco de prejuízo e frustração. A ilusão do “ganho rápido” promovida por influenciadores também pode ser uma armadilha.
Por isso, a educação financeira é tão importante. Saber o que são produtos de renda fixa, entender o conceito de diversificação, avaliar o próprio perfil de risco e acompanhar o cenário econômico são etapas indispensáveis. O mercado pode ser acessível, mas isso não significa que seja simples.
Antes de investir, o ideal é organizar as finanças pessoais, eliminar dívidas caras, montar uma reserva de emergência (equivalente a 3 a 6 meses de despesas) e apenas depois iniciar aportes mensais, de forma consciente. Com esse caminho, os erros diminuem e o investimento cumpre seu papel: ajudar a alcançar objetivos e garantir estabilidade no futuro.